VIVA O MARXISMO?
"Entre uma mulher e um charuto, escolherei sempre o charuto."
Groucho Marx
Já que o Pedro Mexia de A Coluna Infame
gostou tanto da outra, cá vai mais uma do mesmo género:
IMBECIL DE ESQUERDA
"Ele tinha um coração enorme, daí que fosse de esquerda, porque só a esquerda procura melhorar o mundo e as condições de vida das pessoas.”
Almeida Santos em homenagem a Barros Moura
Reacções
Mandem as vossas opiniões para jcf_fumaca@mail.pt
Entre as várias publicações estrangeiras sobre charutos, uma das mais prestigiadas é a francesa "L'Amateur de Cigare". Existe há doze anos e tem contribuido fortemente para a divulgação dos charutos cubanos em França.
Pois o que é que lhes aconteceu no passado mês de Fevereiro aquando da realização do anual "Festival del Habano" em Havana?
Presentes com um stand, como ocorria desde a primeira edição desta manifestação, as coisas começaram a correr mal quando se aperceberam 2 dias antes da inauguração que um dos caixotes embarcados em Paris com revistas tinha desaparecido. Como? Mistério....
No dia da inauguração, têm a impressão de que a delegação oficial passa ao lado do pavilhão deles. Talvez coincidência?
Passados poucos momentos recebem a visita de um sujeito que diz ser grande apreciador de charutos e que lhes pede uma revista e se vai embora. Alguns minutos mais tarde, volta, agitando um cartão da DTI (segurança política cubana - a Pide lá do sítio...). Informa-os que têm de retirar todas as revistas dado que no número de Dezembro tinham sido publicados uns cartoons com o Che que não tinham agradado aos cubanos!
Após mais algumas peripécias (apreensão do material do stand, etc...), conseguem ser recebidos pelos organizadores (a Habanos S.A.), mais concretamente pelo director jurídico, que lhes comunica que foram eles próprios que pediram à polícia a apreensão da revista!
É altamente censurável que uma organização comercial, como a Habanos tenha posições destas, principalmente da forma como tudo se passou (bastante humilhante).
Igualmente, mais uma vez, se vê qual o conceito de liberdade de Cuba: qualquer crítica é proíbida e os seus autores perseguidos.
Há faltas mais dramáticas de liberdade de expressão pelo mundo? Claro que há (a começar por Cuba), mas esta é muito sintomática do que se passa por aqueles lados!
Janeiro 1967
Estás no altar, bem sei,
acima de mim que olho
o teu vestido de gesso
pintado de azul.
E escovo com a mão o fato,
com um gesto inusitado,
na lapela azul do fato.
Rezo um Pai Nosso.
"Pai Nosso. Ave!"
Digo:"Salve!
bendita entre as mulheres,
ó minha Mãe!"
Sou tão pequeno, pequeno,
ao pé de ti, minha Mãe!
"Eu tinha um urso de
pano...
Ave!
a quem arranquei os olhos"
Tenho frio nos joelhos.
Ainda é noite na cidade.
"Tu tiraste-mos da boca
e eu cresci, minha Mãe!"
Maria!
Cresci tanto que não posso
já com o peso dos anos.
"Tinha a boca ensanguentada
dos agudos olhos vidros."
Mas não está aqui ninguém.
Posso chorar à vontade.
"Pintaste as covas de azul,
digo, nas covas, os olhos.
E eu chorei."
Cheia de graça!
Chorei como choro agora
de sentir na minha carne
os raios de arame-cobre
que descem de tuas mãos.
O sol ainda não nasceu.
Também que mania esta
de não mudarem as horas.
Ave!
Aqui a luz é das velas
e de uma lâmpada eléctrica.
Mas que solidão, meu Deus!
"O urso ficou guardado
numa caixa lá no sótão.
Meti-lhe os dedos nos olhos."
O Senhor é convosco!
Senti, como sinto sempre,
a dor fina quando esfrego
os olhos, de ter chorado
depois, nesta vida breve.
Bendita sois vós!
Alguém entrou. Quem será?
Parece haver claridade.
São já oito horas certas.
Saíste de casa às sete.
Terás esquecido a chave?
Bendita sois vós!
Sou tão pequeno, pequeno
Ao pé de ti, minha Mãe!
"O tempo
é muito tempo
para uma vida
pequena"
Bendita sois vós!
A nossa vida é pequena,
como eu sou pequeno, Mãe!
E eu queria bendizer-vos.
Bendita sois vós!
Estás fraco, rapaz, estás fraco.
Levanta-te. Vai-te embora.
Mas antes reza a oração
que nosso Pai ensinou.
Digo: Jesus. Tanto faz.
Vá!
"Pai Nosso que estás no céu.
Santificado..."
É possível que o correio
Venha hoje de Timor.
Salve!
Timor!
Timor! Que paciência eterna!
Vinte anos de paciência.
Ilha de mistérios densa
e gente de tez morena.
Timor, minha ilha querida.
Minha verdade. Falida?...
Ó minha causa perdida!
Senhora, tem piedade.
Tem piedade, Senhora.
Tem piedade.
Olha-me por essa gente
portuguesa,
que te ergueu um trono, uma pedra.
Um sacrário de inocência.
Fatu lulik Maria!
Tata-Mai-Lau, Tutuala,
Mata-Bia, alma dos mortos.
Sagrado monte dos mortos.
Venilale, Ave-Maria!
E abro de pronto os braços.
Sou eu que agora actuo.
Não falo, apenas murmuro
no halo que Timor teve.
"Senhora, tem piedade.
Tem piedade de mim.
Sê tu a minha verdade
na vida."
E senti-me trespassado
nos olhos, no corpo todo,
pelos raios - momento breve,
fulgente de frio e cobre -
que tuas mãos irradiam
em S. Luís dos Franceses.
Salve!
Ó clemente,
ó piedosa,
ó doce...
E saí, doido varrido,
cego de azul, cego, cego,
mas contigo, só contigo
e o meu urso pequenino
cego, cego, cego, cego,
desta igreja escura e fria.
Numa manhã de neblina
doirada pelo céu de inverno
entrei, radiante, pelo Rossio.
Salve!
Não havia táxis.
Mas segui, radiante, o meu destino.
Salve, salve, salve!
Em Timor amanhecia!
Ave Maria!
Entrei na Brasileira do Chiado.
Pedi um chá com torradas
e li o jornal.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco...
Há notícias no jornal.
Caso raro.
Ruy Cinatti
Qual é melhor opção quando se vai com pressa em Portugal?
Conduzir pela faixa da direita. Quase ninguém a usa. Vão todos pela esquerda! Até se assiste a condutores que vão pela direita passarem para a faixa esquerda sem terem ninguém pela frente!
Solução? Tal como em muitos outros aspectos em Portugal, o problema não é a lei, é o seu incumprimento. Se começassem a ser multados por isso, iam ver como tudo se endireitava!
Ao sábado é o dia de descanso semanal do Fumaças. Salvo excepção que justifique, não haverá mensagens nesse dia. Abraços e desejos de bom fim de semana para todos.
Dieu est un fumeur de havanes
Je vois ses nuages gris
Je sais qu'il fume même la nuit
Comme moi ma chérie
Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Je vois tes volutes bleues
Me faire parfois venir les larmes aux yeux
Tu es mon maître après Dieu
Dieu est un fumeur de havanes
C'est lui-même qui me l'a dit
Que la fumée envoie au paradis
Je le sais ma chérie
Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Sans elles tu es malheureux
Au clair de la lune ouvre les yeux
Pour l'amour de Dieu
Dieu est un fumeur de havanes
Tout près de toi loin de lui
J'aimerais te garder toute ma vie
Comprends-moi ma chérie
Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Et la dernière je veux
La voir briller au fond de mes yeux
Aime-moi nom de Dieu
Dieu est un fumeur de havanes
Tout près de toi loin de lui
J'aimerais te garder toute ma vie
Comprends-moi ma chérie
Tu n'es qu'un fumeur de gitanes
Et la dernière je veux
La voir briller au fond de mes yeux
Aime-moi nom de Dieu
Serge Gainsbourg
O general ("Depois de fortemente bombardeada, a cidade X foi ocupada pelas nossas tropas.")
O general entrou na cidade
ao som de cornetas e tambores ...
Mas por que não há "vivas"
nem flores?
Onde está a multidão
para o aplaudir, em filas na rua?
E este silêncio
Caiu de alguma cidade da Lua?
Só mortos por toda a parte.
Mortos nas árvores e nas telhas,
nas pedras e nas grades,
nos muros e nos canos ...
Mortos a enfeitarem as varandas
de colchas sangrentas
com franjas de mãos ...
Mortos nas goteiras.
Mortos nas nuvens.
Mortos no Sol.
E prédios cobertos de mortos.
E o céu forrado de pele de mortos.
E o universo todo a desabar cadáveres.
Mortos, mortos, mortos, mortos ...
Eh! levantai-vos das sarjetas
e vinde aplaudir o general
que entrou agora mesmo na cidade,
ao som de tambores e de cornetas!
Levantai-vos!
É preciso continuar a fingir vida,
E, para multidão, para dar palmas,
até os mortos servem,
sem o peso das almas.
José Gomes Ferreira
Há algum tempo, fui jantar em Madrid, a um restaurante de nome VIRIDIANA cujo cozinheiro é ABRAHAM GARCÍA, onde tive aquela que considero (até agora...) a melhor refeição da minha vida:
Entrada: Huevos com boletus y trufas - ovos estrelados com um molho feito à base de cogumelos e trufas - nota 20!
Prato principal: Ciervo al Banyuls con Okra - um magnifico tournedó de carne de veado, com molho de vinho.
Sobremesa: Capuchina a la Cazalla y cafe - um docinho de ovos, chocolate e café.
Tudo isto com um serviço impecável e regado com um Terras Gauda 98 branco, de chorar por mais.
O Abraham García é fã do Bunuel, pelo que a decoração do restaurante é feita à base de fotos dos filmes do Bunuel, com algumas pequenas "aldrabices" que consistem na inclusão de fotografias a preto e branco do cozinheiro, em poses de alguns dos filmes.
Alguém menos atento não dá por nada!
Para os interessados, a morada : Calle Juan de Mena, 14 - 28014 Madrid
QUADRO DE HONRA