Sexta-feira, 29 de Outubro de 2004
MUSEU EGÍPCIO
O Museu egípcio, no Cairo, foi criado em 1835, pelo governo do país.O edifício que actualmente alberga o museu, da autoria do arquitecto francês Marcel Dourgnon, foi construído em 1900.ME8.jpgApesar de muitos objectos de interesse científico e histórico terem sido desviados para museus do ocidente, nomeadamente de Inglaterra e França, do acervo do museu fazem parte cerca de 120.000 objectos.ME9.jpgO site do museu, em Egyptian Museum, tem as seguintes secções:· Informações para o visitante, com localização, preços e livraria.· Colecções, com sub-divisão por Ourivesaria, Esculturas, Tutankhamun e Colecção Funerária. Algumas das peças, destas quatro colecções:A ourivesaria do antigo Egipto é fascinante, quer pelas formas harmoniosas, quer pelas combinações de cores, fruto decerto de um alto nível de profissionalismo na sua execução. A maioria das peças combina ouro e peças semi-preciosas, sendo rara a utilização da prata.ME2.jpgCategory Jewelry Material PIGMENT Floor upper Room 4 C.G. 22/11/21/1 A escultura egípcia tinha principalmente uma função religiosa e destinava-se a perpetuar determinadas situações para a eternidade, estando as estátuas situadas em templos ou túmulos.ME1.jpgName FIGURINE OF A FEMALE BREWER Category Sculpture Date Old Kingdom , 5th Dynasty Material Painted Limestone Floor ground Room 47 JE 66624 Description Servant figures at work were usually depicted in relief but this particular example gains its importance from being executed in the round. The earliest limestone statues belonged to the 4th Dynasty but the majority belongs to the 5th Dynasty. Private funerary statuary is enriched by the inclusion of figures belonging to the milieu of the master's household which will thus continue to contribute their daily services in the netherworld.Apesar de na prática ter tido muito pouco poder, Tutankhamun, cujo reino durou 9 anos, passou à história pelos tesouros que deixou. É interessante que seja até aos nossos dias um dos mais falados e conhecidos, apesar de a nível da história do Egipto ser dos faraós mais obscuros!ME3.jpgCategory PECTORAL King Name TUT-ANKH-AMUN Date New Kingdom Provenance VALLEY OF THE KINGS Material BREAD Material2 PIGMENT Floor upper Room 3 CARTER 61893 T.R. 342 The Egyptians formulated definite ideas about the soul and its immortality. Their conception of the human personality was rather complicated. The 'Ba' which is loosely translated as the soul, and the 'ka', or the essence of life ,together with the individual's name and body united to form a human entity. Consequently, the preservation of these elements insured the immortality of a human being . Keen as they were to live forever, the Egyptians thus directed all their efforts to the enhancement of their funerary equipment.The body was mummified elaborately, placed in a well-suited sarcophagus which was placed within the tomb. It was within this tomb that both the 'Ba' and the 'Ka' united to cause a man to thrive after his death . Perhaps the most outstanding feature of their beliefs was the definite conviction of the persistence of life after death. This laid the foundation for the complete and elaborate funerary system of the ancient Egyptians.ME4.jpgName LID OF THE COFFIN OF MAAKARE Category Tomb Equipment King Name Pinedjem I Date 3rd Intermediate, 21st Dynasty Material Painted Wood, Gilded Wood Floor upper Room 46 JE 26200 CG 61028 Description Maakare seems to have been the first of this dynasty of princesses who was sworn to celibacy. These princesses devoted themselves exclusively to the service of the god Amon, while retaining all the royal privileges, and they came to play an important political role. The funerary ensemble enclosing Maakare's mummy was found at Deir el-Bahari. The exterior coffin, whose lid is shown here, is the most elaborate part. The body of the coffin is decorated with intricate scenes of gods and goddesses protecting the " Ba " of the deceased. This proliferation of images compensates for the extensive funerary programs that was once represented on tomb walls and the repertoire of funerary equipment.· História do Museu.· Mapa do Museu.· Visita virtual.· Principais peças. Destaco entre as quase 200 peças desta secção, a seguinte:ME5.jpgName SMALL STELA WITH EARS Category ARCHITECTURAL Date New Kingdom , 19th Dynasty Material Painted Limestone Floor ground Room 15 JE 43566 Description This stela with ears belongs to a category of votive objects which were dedicated by private persons to a particular divinity, in this case to " He-who-listens-to-prayers ". This practice flourished since the New Kingdom, as the relationship between the individual and his god became more direct and close. This sculptured and painted example is dedicated to the " Good Ram " of Amon. Its upper part has the god depicted in the form of a ram wearing tall feathers with two symmetrical inscriptions identifying him as Amon-Re. The lower register is vertically divided into two parts. On one side, Bai is kneeling, while the other side has three pairs of ears painted and incised.· Restauração.No museu também se procede à restauração de peças encontradas em mau estado, nomeadamente quando faltem algumas partes. Aqui um exemplo da restauração/montagem de um conjunto com 4 metros de altura, de God Amun & goddess Mut from Karnak .Destaco o facto de os fragmentos encontrados serem montados nas posições que se achou serem as originais, sem que sejam colocados acrescentos. Apenas são colocadas estruturas, mais escuras, das partes que faltam!ME7.jpg· Deuses Faraónicos. Cerca de dúzia e meia de deuses. Aqui, o deus Horus:ME6.jpgHorus:He was the god of Edfu, son of Osiris and Isis. He is usually shown with a falcon’s head. Usually depicted as a hawk or as a man with the head of a hawk. Horus was not only a god of the sky but the embodiment of divine kingship and protector of the reigning pharaoh gradually the cults of other hawk gods merged with that of Hours and a complex array of myths became associated with him. According to one of the most common myths, he was the child of the goddess Isis, and in this role ”later known as Harpocrates”. he was usually depicted in human form with the side of youth and a finger to his mouth, often being seated on his mother’s lap.· Eras Faraónicas.Resumindo: vale mesmo a pena explorar este museu!

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publicado por João Carvalho Fernandes às 18:17
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EUROPEAN PARLIAMENT CONDEMNS HUMAN RIGHTS ABUSES IN IRAN
via: IRAN FOCUSAFPSTRASBOURG - The European Parliament expressed alarm Thursday at the deterioration in the area of human rights in Iran, in particular those relating to press freedom and the death penalty. "The situation in Iran with regard to the exercise of key civil rights and political freedom has deteriorated since the parliamentary elections of February this year despite commitments on the part of the government of Iran to promoting these universal values," according to a motion passed by the parliament. "The National Security Council and the office of the public prosecutor are increasingly intervening directly with the press to influence the content of the reported news," it said. The parliamentarians drew attention to the cases of eight journalists working for the electronic media, imprisoned for unknown reasons at an undisclosed location. Websites -- "the Iranian public's only remaining means of access to uncensored information"-- were increasingly censored by the religious authorities, they said. The parliamentarians said they were "appalled at the public hanging" two months ago of a 16-year-old boy. They noted that 25 minors had been sentenced to death in the past year. They said they were deeply worried by the sentence of death by stoning passed on a 13-year old girl, Zhila Izadi, pregnant by her 15-year-old brother, himself sentenced to 150 lashes.

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publicado por João Carvalho Fernandes às 14:00
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AVISO À NAVEGAÇÃO - JOAQUIM NAMORADO
Alto aí! Aviso à navegação! Eu não morri: Estou aqui na ilha sem nome, sem latitude nem longitude, perdida nos mapas, perdida no mar Tenebroso! Sim, eu, o perigo para a navegação!, o dos saques e das abordagens, o capitão da fragata cem vezes torpedeada, cem vezes afundada, mas sempre ressuscitada! Eu que aportei com os porões inundados, as torres desmoronadas, os mastros e os lemes quebrados - mas aportei! E não espereis de mim a paz... Aviso à navegação Não espereis de mim a paz! Que quanto mais me afundo maior é a minha ânsia de salvar-me! Que quanto mais um golpe me decepa maior é a minha força de luar! Não espereis de mim a paz! Que na guerra só conheço dois destinos ou vencer - ai dos vencidos! - ou morrer sob os escombros da luta que alevantei! - (Foi jeito que me ficou, não me sei desinteressar do jogo que me jogar.) Não espereis de mim a paz, aviso à navegação! Não espereis de mim a paz que vos não sei perdoar! Joaquim Namorado

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publicado por João Carvalho Fernandes às 08:31
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Quinta-feira, 28 de Outubro de 2004
CASTANHEIRA DE PÊRA
CASTANHEIRA.jpgCASTANHEIRA DE PÊRA - 2004

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publicado por João Carvalho Fernandes às 20:00
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(o vento lá fora)*
Um excelente e esclarecedor artigo do Paulo Querido sobre a PT. Não é nada de espantar que os acionistas desta não se queixem de determinadas posições que à partida parecem tirar valor à empresa, como a que é citada. É que afrontar o Governo teria custos muito superiores! Basta ver que nenhum accionista se queixou das milionárias indemnizações pagas no último ano a dois administradores que não concordavam com a política seguida na área da comunicação social e foram convidados a sair...(E por acaso, ou não, também tivemos exactamente os mesmo argumentos ditos pelo Paes do Amaral, quando pediu moderação ao Marcelo Rebelo de Sousa...)Who da fuck cares?

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publicado por João Carvalho Fernandes às 08:28
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Quarta-feira, 27 de Outubro de 2004
E AGORA?
E agora que se começa a desmoronar a política intervencionista na comunicação social deste Governo? Vão rolar cabeças? Vão arranjar algum bode expiatório? Ou vai ficar tudo na mesma?É cada vez mais visível que não houve intervenção de um ministro ou de comissários políticos, por "motu próprio" mas como política concertada do Governo!Marcelo Rebelo de Sousa afirma que foi alvo de pressões por parte de Paes do AmaralMarcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje, em declarações à Alta Autoridade para a Comunicação Social, que o presidente da TVI, Miguel Paes do Amaral, lhe impôs um prazo para que repensasse o teor das suas intervenções nas edições de domingo do Jornal da Noite, já que era "inaceitável que houvesse uma informação e uma opinião sistematicamente anti-governamental na TVI". Perante este ultimato, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu abandonar a estação.Notícia completa:Público - Marcelo Rebelo de Sousa afirma que foi alvo de pressões por parte de Paes do AmaralFernando Lima demite-se da direcção do "Diário de Notícias"O director do "Diário de Notícias", Fernando Lima, apresentou a demissão do cargo ontem à noite, depois de um dia agitado no jornal da Lusomundo.Fonte da redacção garantiu ao PÚBLICO que Lima já transmitiu a sua vontade de abandonar a liderança do DN à administração do jornal. O director demissionário esteve presente na habitual reunião de editores ao fim da manhã, mas não transmitiu formalmente a sua decisão aos jornalistas.Notícia completa:Público - Fernando Lima demite-se da direcção do "Diário de Notícias"E por fim uma notícia que é bem verdade; e o DN vai demorar muito, muito tempo a recuperar a credibilidade perdida em poucos meses!DN: conselho de redacção alerta para o descrédito "irreversível" do jornalO conselho de redacção do "Diário de Notícias" emitiu hoje um comunicado denunciando o mal-estar face à "inacreditável sucessão de acontecimentos" vividos pelo jornal e que se arriscam a "desacreditar irreversivelmente" a publicação.Em comunicado a que o PÚBLICO teve acesso, o conselho lamenta as consecutivas notícias que dão como certa a demissão da actual direcção, em funções há menos de um ano, afirmando que tal situação está a contribuir para uma "profunda instabilidade" da redacção.Notícia completa:Público - DN: conselho de redacção alerta para o descrédito "irreversível" do jornal

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publicado por João Carvalho Fernandes às 21:20
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ESTRANHO MAS VERDADE & PORTUGAL NO SEU MELHOR
Conhecem aquelas fotos que periodicamente alguém nos envia, com situações esquisitas, muitas vezes com um português ainda pior que o da Ministra "Tá" da Educação?Têm site:poribido.jpgEstranho mas verdadegalpPortugal no seu melhor

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publicado por João Carvalho Fernandes às 13:18
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FÊTE - GUILLAUME APOLLINAIRE
À André Rouveyre.

Feu d'artifice en acier
Qu'il est charmant cet éclairage
Artifice d'artificier
Mêler quelque grâce au courage

Deux fusants
Rose éclatement
Comme deux seins que l'on dégrafe
Tendent leurs bouts insolemment
IL SUT AIMER
Quelle épitaphe

Un poète dans la forêt
Regarde avec indifférence
Son revolver au cran d'arrêt
Des roses mourir d'espérance

Il songe aux roses de Saadi
Et soudain sa tête se penche
Car une rose lui redit
La molle courbe d'une hanche

L'air est plein d'un terrible alcool
Filtré des étoiles mi-closes
Les obus caressent le mol
Parfum nocturne où tu reposes
Mortification des roses

Guillaume Apollinaire

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publicado por João Carvalho Fernandes às 08:05
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Terça-feira, 26 de Outubro de 2004
LIBERDADE DE IMPRENSA NA TURQUIA?
Um relatório da organização Reporters Sans Frontières que põe a nu uma das razões pelas quais a Turquia ainda não está em condições de aderir à União Europeia:Visita a Francia del Primer Ministro Recep Erdogan : Reporteros sin Fronteras hace un balance contratado del estado de la libertad de prensa"Los innegables progresos realizados en el plano legislativo no deben enmascarar una realidad que todavía es muy difícil para los periodistas más críticos", ha declarado Reporteros sin Fronteras, en vísperas de la visita privada a París del Primer Ministro turco Recep Erdogan, que se efectuará el 20 de octubre de 2004. "La prensa privada se encuentra en manos de la arbitrariedad de los tribunales que, en la práctica, continúan infligiendo penas de cárcel y multas exorbitantes que empujan a los periodistas a una autocensura generalizada sobre los temas más delicados, como el ejército o la cuestión kurda. Las televisiones y radios siguen padeciendo la desvergonzada censura del Alto Consejo del Audiovisual (RTÜK) mientras que los periodistas pro-kurdos continúan siendo víctimas de presiones de todo tipo", ha añadido la organización. "A pesar de los avances efectuados hacia los estándares europeos continúa siendo considerable la diferencia entre los hechos y la buena voluntad manifestada, de forma que están muy lejos de conseguirse las condiciones de una verdadera libertad de prensa", ha concluido Reporteros sin Fronteras. Las reformas aprobadas por las autoridades, en la perspectiva de la adhesión del país a la Unión Europea, han sido positivas para los periodistas, en el plano legislativo. En la nueva ley de prensa, aprobada en junio de 2004, las penas de cárcel se han reemplazado por fuertes multas. Se han suprimido las sanciones más represivas, como el cierre de un medio de comunicación o la prohibición de distribuir e imprimir. Incluso se ha reforzado la protección de las fuentes. Algunos periodistas denunciados por "complicidad con organizaciones terroristas" han sido absueltos, como consecuencia de una reforma de la ley antiterrorista y del código penal, efectuada en 2003. Sin embargo, la nueva versión del código penal, que entrará en vigor el 1 de abril de 2005, establece que la "propaganda de una organización ilegal o de sus objetivos" puede castigarse con una pena de uno a tres años de cárcel, y la sanción se agrava si el delito se comete por medio de la prensa. En 2002 y 2003 se enmendó el artículo 159, que era causa de una gran número de denuncias contra los periodistas por "ofensa al Estado y a las instituciones del Estado y amenazas contra la unidad indivisible de la República Turca". La duración de la pena de cárcel, para esa acusación, ha quedado reducida de un año a seis meses, y ya no se condenan con penas de cárcel las críticas que no vayan dirigidas intencionadamente a "ridiculizar" o "insultar" a las instituciones del Estado. El nuevo código penal aporta una mejora suplementaria al suprimir el delito de "burla e insulto al cuerpo ministerial". Sin embargo, contraviniendo los estándares europeos, el nuevo código penal establece que el insulto puede acarrear un castigo de tres meses a tres años de cárcel, y la pena se agrava si el delito se comete por medio de la prensa (artículo 127). En la práctica, continúa siendo muy subjetiva la interpretación que hacen los jueces de la noción de "crítica", y siguen produciéndose denuncias abusivas. En 2003 comparecieron ante los tribunales cuatro periodistas del diario pro-kurdo Yeniden Özgür Gündem, que habían criticado la política del gobierno durante la guerra de Irak, y fue detenido el periodista digital Erol Öskoray, denunciado por "burla" e "insultos" al ejército. Sabri Ejder Öziç, director de la radio local Radyo Dünya en Adana (Sur), fue condenado a una pena de un año de cárcel, por ofender al Parlamento. Hakan Albayrak, ex editorialista del diario Milli Gazete, fue encarcelado el 20 de mayo de 2004. Actualmente cumple una condena de quince meses de prisión incondicional por "atentado a la memoria de Atatürk", en virtud de la ley de 1951 relativa a los crímenes contra Atatürk. El artículo 1 de esa ley sanciona el insulto a la memoria del fundador de la República de Turquía con una pena de uno a tres años de cárcel. El artículo 2 establece el doble de la pena, si el crimen se comete por medio de la prensa. Nureddin Sirin, editorialista del semanario islamista Selam, y Memik Horuz, director de publicación del periódico de extrema izquierda Isçi Köylü, se encuentran encarcelados desde hace varios años, por expresar sus opiniones en el marco de su actividad profesional. El 15 de octubre de 2004, Sebati Karakurt, del diario Hurriyet, estuvo detenido durante doce horas en los locales de la policía antiterrorista de Estambul a causa de una entrevista con Murat Karayilan, jefe militar del ex Partido de los Trabajadores del Kurdistán (PKKK, rebautizado como Kongra-Gel), publicada pocos días antes. El reportaje gráfico mostraba a algunas mujeres rebeldes en traje de faena en un buen día, sonrientes y con aspecto relajado. Una decena de policías registraron el domicilio del periodista, que quedó en libertad tras ser interrogado por la policía y por un fiscal. Por otra parte, aunque los medios audiovisuales nacionales han sido autorizados a utilizar la lengua kurda, el RTÜK continúa dictando sanciones totalmente desproporcionadas contra los medios de comunicación pro-kurdos o muy críticos con el gobierno, que van desde la advertencia a la retirada de la licencia. El RTÜK condenó a la radio local de Estambul Özgür Radyo a un mes de suspensión, por "incitación a la violencia, el terror, la discriminación sobre la base de la raza, la región, la lengua, la religión o la secta, o emisión de programas que despiertan sentimientos de odio en la sociedad". La emisora dejó de emitir en la noche del 18 de agosto de 2004. En caso de reincidencia, el RTÜK tiene poder para retirar la licencia a Özgür Radyo. Günes TV, la televisión local de Malatya (Este del país) también dejó de emitir durante un mes, a partir del 30 de marzo de 2004. El RTÜK acusó al canal de "atentar contra la existencia y la independencia del Estado, la unidad indivisible del país con el pueblo y los principios y reformas de Atatürk" (artículo 4 de la ley 3984 del RTÜK). Apoyándose en el mismo artículo, el 1 de abril de 2004 el RTÜK suspendió durante un mes a la televisión local ART de Diyarbakir (Sudeste), por emitir el 16 de agosto de 2003 dos canciones de amor en kurdo. Las detenciones masivas de periodistas pro-kurdos, llevadas a cabo por la policía antiterrorista en la víspera de la Cumbre de la OTAN en Estambul, los días 28 y 29 de junio de 2004, son sintomáticas del trato reservado a esta prensa. Finalmente, durante las elecciones locales del 28 de marzo, la policía golpeó violentamente a nueve periodistas que cubrían la represión de una manifestación que denunciaba el fraude electoral en Diyarbakir (Sudeste). Tres de ellos tuvieron que ser hospitalizados. No han sido sancionados los responsables de las exacciones.


publicado por João Carvalho Fernandes às 21:02
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ANTÓNIO BARRETO
A não perder a entrevista que António Barreto deu no passado sábado, ao Jornal de Notícias - "Somos pequenos pobres e incultos"Entrevistadores: António José Teixeira e Helena Teixeira LopesAlguns excertos:Na véspera de receber o Prémio Montaigne, destinado a consagrar um pensamento supranacional e de esforços humanitários, António Barreto, defensor reconhecido de uma Europa plural, confessou encontrar na adesão da Turquia à União Europeia o travão para o federalismo.Têm (Montaigne e A. Barreto) em comum o cepticismo?Sim. Mas se há alguma coisa que olho como identificação é quando ele viaja, em espírito ou na realidade. Percebe-se nele o fundo comum aos homens europeus: pluralidade radical. Esta é a minha Europa; não é o federalismo europeu, que destrói a pluralidade das culturas. A Europa que está em construção pode ser travada com a não aprovação da Constituição. Ao contrário do que se pensa, as coisas nunca são irreversíveis na vida: as nações vão por certos caminhos e de repente podem fazer marcha atrás.Essa marcha atrás não é a posição em que já estamos, após o alargamento, o 11 de Setembro, a guerra do Iraque...É possível que se tenha começado uma fase nova. Ao contrário de quase toda a gente que conheço, sou favorável à adesão da Turquia à União Europeia (UE).A Turquia pode ser o travão?Se entrar, significa que a Europa federal não se fez.Como deve ficar a Europa? Tem que ser uma UE federal ou há alternativa?Dentro de uma Europa, que é quase o continente europeu todo, não vejo por que razão não poderá haver, dentro dos 25 ou dos 30, novas formas de associação parcelares. Se houver uma tendência para que os países escandinavos estabeleçam entre eles algo mais do que com os outros, como já acontece com a moeda única, não cria necessariamente uma contradição com os restantes países. Por isso, penso que a Constituição deveria ser recusada. Tenho esperança que haja povos que a bloqueiem. A Constituição estabelece um quadro de fixidez que será depois extremamente difícil de corrigir................................................................................................................Belmiro de Azevedo diz que estamos perante um caso de regência...É uma boa metáfora. O próprio Santana Lopes sente isso, considerando as vezes que repete que é legítimo, que é o partido mais votado, que era presidente da Câmara, e pela forma como já desafiou o presidente da República. O PS, na sua melhor tradição, só quer a cabeça de ministros, embora diga que o Governo é ilegítimo. Dentro do próprio PSD houve muita gente que pôs em causa a solução, o que também aumenta a ilegitimidade.O congresso do PSD, em Novembro, poderá legitimar Pedro Santana Lopes?Acho que não. Santana Lopes terá que viver com este défice de legitimidade até ao fim do mandato - se o mandato chegar ao fim. E como ele tem instinto político, estou convencido que, a partir daqui, vai tentar demonstrar que está a ser vítima de perseguição dos partidos, do Presidente, das instituições, dos seus adversários dentro do PSD................................................................................................................É por este sucessivo abandono de cargos que fala num regime democrático senil?Não é senilidade. Os dirigentes políticos só se dão conta do estado grave em que vivemos quando chegam ao Governo. O discurso da oposição, seja esta, seja a anterior, é ilimitadamente optimista. Tudo é possível. É possível gastar mais dinheiro, aumentar as pensões, os vencimentos, a função pública. Chegam ao poder e as coisas alteram-se rapidamente. As promessas de Durão Barroso mudaram radicalmente depois de ter sido eleito. Guterres fez algo muito parecido: só se deu conta nas vésperas da sua derrota autárquica - caso único na Europa - , do estado do país. Quer dizer que o debate público é desfasado da realidade; é dominado pela demagogia. Grande parte dos media têm a informação fabricada. Hoje devem estar a receber recados todos os dias. ...............................................................................................................Mas o tempo deu-lhe razão…De que vale ter razão 20 anos depois? Na vida política não serve para nada.Depois disso ainda criou o movimento dos Reformadores...Algumas das ideias defendidas pelos reformadores de então fizeram caminho. A revisão da Constituição, a presença acrescida do Estado na vida social, uma presença muito reduzida do Estado na vida económica, a privatização das actividades económicas, isto fez caminho, ainda que com protagonistas diferentes. Ou seja, verdadeiramente não foi um derrotado. Sente que chegou antes do tempo?É possível, mas não tenho medo da palavra derrota. A ideia mais nobre de uma reforma agrária é tirar a quem tem mais para dar a quem tem menos. O meu destino, na altura, foi impedir que um grupo limitado do PCP, e do seu sindicato do Alentejo, ficassem proprietários de um milhão e meio de hectares. Mas a reforma agrária e a revolução política no Alentejo tinham de tal maneira dividido a sociedade que já não era possível. Cheguei a más horas, fiz uma reforma ao contrário do que devia ser, e finalmente fui desautorizado pelo chefe de Governo, que era líder do partido de que eu era membro. Saí meses depois do PS, sendo que voltei sete anos depois. E voltei a sair.Entrevista toda a seguir:"Somos pequenos pobres e incultos"António Barreto recebe depois de amanhã prémio da Fundação alemã Alfred Toepfer F.V.S. António José Teixeira e Helena Teixeira Lopes"Somos pequenos pobres e incultos" António Barreto recebe depois de amanhã prémio da Fundação alemã Alfred Toepfer F.V.S. António José Teixeira e Helena Teixeira Lopes Crítico feroz do sistema político, pautado por excesso de demagogia, e do actual primeiro-ministro, António Barreto garante que "Santana Lopes é um homem que não sabe o que quer fazer." À Esquerda, o panorama não será melhor. "Não sinto uma força determinada e programática no Partido Socialista de Sócrates". Seguro de que o diagnóstico do país não é favorável, o sociólogo aponta a justiça como a primeira reforma urgente a pôr em curso.Na véspera de receber o Prémio Montaigne, destinado a consagrar um pensamento supranacional e de esforços humanitários, António Barreto, defensor reconhecido de uma Europa plural, confessou encontrar na adesão da Turquia à União Europeia o travão para o federalismo.[António Barreto] Sabe quem ganhou o primeiro prémio Montaigne? O homem que mais admiro no pensamento europeu, Raymond Aron. É uma enorme honra, que não tenho a certeza se mereço. Desde que regressei a Portugal - vivi 12 anos na Suíça -, a minha obsessão, do ponto de vista de estudo, foi sempre a sociedade portuguesa. Mas a natureza deste prémio não seria reconhecer alguém que se ocupa de um assunto particular, nacional; ele fala de património cultural europeu e de tradição europeia. A Europa que eu gosto é a que reconhece as culturas.Naturalmente, não precisava ter vivido na Suíça para se sentir europeu, mas foi com essa experiência que criou a ideia da Europa mais plural?Não concordo. Se há coisa, na minha vida pessoal, que agradeço, foi ter podido passar mais de uma década lá fora. Fez-me perceber o que gostava e o que não gostava em Portugal, e ajudou-me a perceber os outros. Defendo uma Europa plural, que aceita quem se ocupa mais da sua tradição cultural nacional, não sendo nacionalista - o que não sou em nenhum grau. O objecto do prémio prende-se com o seu pensamento político, que publica semanalmente, ou com o estudo sociológico que exerce na universidade?O júri falou simultaneamente do estudo da sociologia e da minha colaboração frequente nos media, referindo a minha independência de espírito. Talvez não saiba que os momentos mais dramáticos da existência de alguém é tentar fazer duas coisas que não são completamente compatíveis. Há um significado acrescido por Montaigne ser um dos pensadores que mais admira?Tem. Sendo francês até ao tutano, e tendo sido presidente da Câmara de Bordéus, que é a cidade do vinho, conseguiu o que nunca conseguirei: elevar-se acima da contingência da circunstância social e cultural da sua vida. Tentou manter-se ligado à natureza humana. É um esforço excepcional. Eu faço o contrário, tenho uma costela positivista.Têm em comum o cepticismo?Sim. Mas se há alguma coisa que olho como identificação é quando ele viaja, em espírito ou na realidade. Percebe-se nele o fundo comum aos homens europeus: pluralidade radical. Esta é a minha Europa; não é o federalismo europeu, que destrói a pluralidade das culturas. A Europa que está em construção pode ser travada com a não aprovação da Constituição. Ao contrário do que se pensa, as coisas nunca são irreversíveis na vida: as nações vão por certos caminhos e de repente podem fazer marcha atrás.Essa marcha atrás não é a posição em que já estamos, após o alargamento, o 11 de Setembro, a guerra do Iraque...É possível que se tenha começado uma fase nova. Ao contrário de quase toda a gente que conheço, sou favorável à adesão da Turquia à União Europeia (UE).A Turquia pode ser o travão?Se entrar, significa que a Europa federal não se fez.Como deve ficar a Europa? Tem que ser uma UE federal ou há alternativa?Dentro de uma Europa, que é quase o continente europeu todo, não vejo por que razão não poderá haver, dentro dos 25 ou dos 30, novas formas de associação parcelares. Se houver uma tendência para que os países escandinavos estabeleçam entre eles algo mais do que com os outros, como já acontece com a moeda única, não cria necessariamente uma contradição com os restantes países. Por isso, penso que a Constituição deveria ser recusada. Tenho esperança que haja povos que a bloqueiem. A Constituição estabelece um quadro de fixidez que será depois extremamente difícil de corrigir.É o primeiro sociólogo português a receber este prémio. A sociologia é um instrumento tido em conta para a acção política?Infelizmente, a investigação sociológica informa muito pouco a decisão do poder. Quando estive na vida política, houve importantíssimas decisões tomadas sem que se tivesse em conta a informação existente. Foi o caso da legislação sobre as propinas, uma decisão tomada pelo faro. A maior parte das decisões continuam a ser faro. Há três exemplos importantíssimos: agricultura, pesca e floresta. Até 2003 funcionava-se com os resultados para a população portuguesa do Censos de 1991, que foi publicado em 93, corrigido em 95. Entretanto já havia mais meio milhão de pessoas em Portugal. No domínio da Segurança Social, não existe estudo apurado da evolução demográfica, dos residentes, dos naturalizados e dos estrangeiros. No orçamento é a mesma coisa. Estou convencido que algumas das últimas decisões - benefícios fiscais, rendimento mínimo garantido - são tomadas exclusivamente em função de uma margem pequeníssima de liberdade de acção que tem o ministro das Finanças, porque o orçamento está apanhado com a função pública, a dívida e as transferências sociais. A imagem que o espelho nos devolve enquanto povo tem-nos levado a melhorar ou à depressão?Talvez tenha ajudado mais à depressão. Nestas três décadas houve uma euforia. Portugal foi promovido a país de primeira, aderiu à UE, criou o Euro, passou a ser respeitado, deixou de ter inimigos, deixou de haver países que cortassem relações com Portugal. O país terminou a guerra, descolonizou, criou a democracia. É quase comovedor ver o que os portugueses conseguiram fazer nos últimos 30 anos. Fizeram de Portugal uma sociedade plural sem que houvesse sequelas trágicas. Nos diagnósticos, o resultado parece positivo, mas continuamos a deprimir com facilidade. Primeiro, porque os outros também cresceram. Depois porque a euforia é como as paixões: cegou o facto de sermos pequenos, pobres, periféricos, incultos. Não temos riqueza importante: nem agricultura, nem petróleo, nem mineral. A euforia criou excesso de expectativas. E o país não chega lá. O fim da euforia começou nos últimos dez anos com a percepção de que tudo é muito mais lento. Aquilo que se tinha conseguido é insuficiente. Redescobrimos a nossa desorganização, a nossa falta de racionalidade, a nossa incultura profundíssima, a nossa insuficiência na formação. Isto é muito pessimista? Acho que não, é uma tentativa de realismo. Há dias, estava a ler as entrevistas de Medina Carreira e de Silva Lopes, que diziam: "Parece que não há ponta por onde pegar." É melhor que nós saibamos onde estão as pontas para tentar pegar nelas. Encontra alguma ponta?Primeiro, é preciso acabar com a demagogia. Há muitos anos que não vejo os políticos portugueses mostrarem o diagnóstico exacto da realidade portuguesa. O défice continua, a produtividade não sobe o que deve, o défice externo continua, o défice público, apesar das engenharias, das aldrabices orçamentais que se fazem, continua. Porque é que os políticos não informam melhor, não fazem a pedagogia do diagnóstico, que é de desastre quase eminente? Na política, as minhas duas únicas esperanças limitam-se a alterar o sistema eleitoral, que condena a sociedade política, a participação e o interesse político. E obrigava a que todos os ministros fossem eleitos [deputados]. Depois, a crise na justiça, que faz com que a sociedade esteja sistematicamente votada ao improviso, à lei do mais forte. A justiça é o instrumento que moralmente mais contribui para a formação do cidadão. O próprio pilar da democracia é afectado pelo sistema judicial não funcionar. Não teremos cidadania nem justiça social se a justiça não for reformada. Se Portugal avançou de forma imensurável nos primeiros 30 anos de democracia e ainda assim ficou atrasado, e se dificilmente conseguirá igualar esse ritmo de progressão, o futuro antecipa-se frágil?Subscrevo. Portugal chegou a crescer num só ano 11%, no tempo de Salazar. Bagão Félix fica radiante se crescermos 1,4%. O futuro só poderá melhorar se se reformar a educação e a justiça. Isto não se resolve em três anos. Em 1992, dizia que o semi-presidencialismo era "mais fértil em conflitos políticos do que em equilíbrios institucionais" e que "no futuro, será pior". Hoje, continua a pensar o mesmo?Continua a ser um sistema híbrido. O Presidente da República (PR) não depende só da personalidade, mas também do momento. O último gesto de Jorge Sampaio foi de primado parlamentar, na nomeação deste primeiro-ministro. Houve quem o acusasse de ser ilegítima e ilegal. Mentira. Eu teria feito o mesmo: nas actuais circunstâncias políticas portuguesas, prefiro sublinhar o lado parlamentar do regime. Jorge Sampaio criou uma tradição nova, que é o Governo sob vigilância. E já alertou para cinco casos, todos eles importantíssimos - educação, saúde, défice, despesa pública e justiça -, dando sempre um tom de vigilância apertada que quase obriga à acção. Não sei se vai dissolver; acho que nem ele sabe. Sampaio já disse que este Governo é tão legítimo como qualquer outro...Compreendo. Quer estar totalmente livre na sua decisão de dissolver, ou não, até Junho. Não quer que esteja presente a chantagem que o primeiro-ministro já fez, nem o contrário.Já teve motivos para dissolver o Parlamento?Tendo dado posse a este Governo, não creio que o que aconteceu até agora seja suficiente para fundamentar a dissolução. O último facto pré-político, o caso Marcelo Rebelo de Sousa, é muito grave, mas não tem relevância que justifique a dissolução. Os casos acumulam-se, é certo.Defende a não dissolução, apesar de já ter dito, sobre o primeiro-ministro, que "não tem projectos, tem invenções"?Sim, porque trata-se de dissolver o parlamento e não o primeiro-ministro (PM).E se fosse possível manter o Parlamento e destituir o PM?Agora é tarde. Em Junho teria sido possível. Jorge Sampaio podia ter dito: "Quero refazer o Governo com a vossa maioria parlamentar, proponham-me outro PM". A Constituição permite isso. O resultado das eleições aplica-se ao partido, não se aplica ao PM, que não foi eleito.Belmiro de Azevedo diz que estamos perante um caso de regência...É uma boa metáfora. O próprio Santana Lopes sente isso, considerando as vezes que repete que é legítimo, que é o partido mais votado, que era presidente da Câmara, e pela forma como já desafiou o presidente da República. O PS, na sua melhor tradição, só quer a cabeça de ministros, embora diga que o Governo é ilegítimo. Dentro do próprio PSD houve muita gente que pôs em causa a solução, o que também aumenta a ilegitimidade.O congresso do PSD, em Novembro, poderá legitimar Pedro Santana Lopes?Acho que não. Santana Lopes terá que viver com este défice de legitimidade até ao fim do mandato - se o mandato chegar ao fim. E como ele tem instinto político, estou convencido que, a partir daqui, vai tentar demonstrar que está a ser vítima de perseguição dos partidos, do Presidente, das instituições, dos seus adversários dentro do PSD.Pode precipitar a dissolução. A sua vitimização poderá colher a simpatia do eleitorado?Há, actualmente, na população, um sentimento muito avesso a esta solução política e a este governo - aliás, já em relação ao anterior. Um sentimento muito azedo que não passa só por razões económicas. A herança deste Governo é desagradável para muita gente. O facto de Santana Lopes ter andado no futebol, nas noites, nas discotecas, nas câmaras, na imprensa, na televisão, faz dele um senhor que está sempre a querer derrubar quem está, e a querer preparar-se para chegar a qualquer sítio. Não faz dele um homem com ponderação para estar depois de chegar. Não sabe o que quer fazer. Não sabe gerir. Pede aos ministros para gerirem o melhor possível. José Sócrates, o novo secretário-geral do PS, poderá ser uma alternativa?Não tenho muitas expectativas em relação ao PS daqui para a frente. Não senti uma força determinada e programática. José Sócrates e algumas pessoas da equipa dele foram quase mecânicos na utilização de "clichés", a começar pelas "Novas Fronteiras". Dizer que são uma homenagem a John Kennedy é um disparate. As novas fronteiras de Kennedy referiam-se às fronteiras da pobreza, da intolerância. Numa altura em que a sociedade europeia e a portuguesa luta contra as fronteiras, há um senhor que vai pôr novas fronteiras. As fronteiras separam. Depois, o lado muito bem comportado de Sócrates, tudo cuidadosamente feito, com a música, o sítio, a posição, a forma, a cor, o design…António Guterres também começou com uma imagem semelhante...Guterres conseguiu em quatro anos o inesperado: ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal. Até ter ido embora daquela maneira. Não era previsível aquela fuga tão descarada.É por este sucessivo abandono de cargos que fala num regime democrático senil?Não é senilidade. Os dirigentes políticos só se dão conta do estado grave em que vivemos quando chegam ao Governo. O discurso da oposição, seja esta, seja a anterior, é ilimitadamente optimista. Tudo é possível. É possível gastar mais dinheiro, aumentar as pensões, os vencimentos, a função pública. Chegam ao poder e as coisas alteram-se rapidamente. As promessas de Durão Barroso mudaram radicalmente depois de ter sido eleito. Guterres fez algo muito parecido: só se deu conta nas vésperas da sua derrota autárquica - caso único na Europa - , do estado do país. Quer dizer que o debate público é desfasado da realidade; é dominado pela demagogia. Grande parte dos media têm a informação fabricada. Hoje devem estar a receber recados todos os dias. A coligação CDS/PSD faz sentido no futuro?Não sei se sobrevive. A coligação tem duas experiências negativas: a europeia e a açoriana. No PSD vão surgir muitas vozes a contrariar a dinâmica coligacionista. Mas sem coligação não chegam lá. Esta Direita parece-me muito instável do ponto de vista político e programático. Pode haver uma pressão no sentido de fazer um só partido de Direita liberal, quebrando o PSD ao meio - algo que está no código genético há muito tempo -, o que não será vantajoso. A grande vitória política de Cavaco Silva foi ter eliminado a fractura dentro do PSD. Não creio que Santana Lopes seja capaz disso. Imagino que ele tenha vocação para reforçar o PSD da Direita. Que papel está destinado ao próximo PR: um papel mais forte na condução política ou menos interveniente?A minha preferência era que a evolução fosse de cariz parlamentar. A minha previsão não é a minha preferência. A situação política e económica não vai melhorar nos próximos dois anos. Os factores de descontentamento vão aumentar. Não vejo que algum dos partidos esteja disponível para, responsavelmente, diminuir a demagogia. O próximo PR acabará por ser mais intervencionista, acentuando o carácter presidencialista.Seria capaz de colocar o lugar de PR no seu horizonte?Não. Estou retirado da vida política definitivamente. Tem a ver com a minha idade, com o que quero escrever, estudar, publicar. Fui convidado pela RTP para fazer a continuação dos estudos sobre a situação social em Portugal, transpondo-os para programas televisivos. Dá-me mais prazer fazer isto do que regressar à vida política. Deixou de considerar a sua impaciência para a vida política um defeito?Não. Mas a vida política exige certos atributos pessoais, que não tenho. O mais importante na política é saber estar no sítio certo, o que não é um acaso. Apesar da minha visão céptica sobre os destinos mediáticos da política portuguesa, sou incapaz de dizer frases como: "a política é o pior da humanidade". Não é verdade. É o melhor. Todas as qualidades humanas estão lá. Não deixo de escrever sobre política porque me interessa mesmo. Consegui foi interessar-me sem me interessar estar na vida política.É outra forma de estar activo?Mentalmente activo, sim. Não estou na vida política activa, por ter tomado uma decisão racional, ou porque me fartei. Fui derrotado. O que tentei desempenhar em determinados momentos falhou. A primeira derrota com Mário Soares, em 1977/78. Depois de ter feito o que fizemos, na reforma agrária e da política agrícola, ele alterou a sua táctica, para o ano seguinte, que era contrária da minha. Mas o tempo deu-lhe razão…De que vale ter razão 20 anos depois? Na vida política não serve para nada.Depois disso ainda criou o movimento dos Reformadores...Algumas das ideias defendidas pelos reformadores de então fizeram caminho. A revisão da Constituição, a presença acrescida do Estado na vida social, uma presença muito reduzida do Estado na vida económica, a privatização das actividades económicas, isto fez caminho, ainda que com protagonistas diferentes. Ou seja, verdadeiramente não foi um derrotado. Sente que chegou antes do tempo?É possível, mas não tenho medo da palavra derrota. A ideia mais nobre de uma reforma agrária é tirar a quem tem mais para dar a quem tem menos. O meu destino, na altura, foi impedir que um grupo limitado do PCP, e do seu sindicato do Alentejo, ficassem proprietários de um milhão e meio de hectares. Mas a reforma agrária e a revolução política no Alentejo tinham de tal maneira dividido a sociedade que já não era possível. Cheguei a más horas, fiz uma reforma ao contrário do que devia ser, e finalmente fui desautorizado pelo chefe de Governo, que era líder do partido de que eu era membro. Saí meses depois do PS, sendo que voltei sete anos depois. E voltei a sair.

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publicado por João Carvalho Fernandes às 13:14
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