Nesta muito breve abordagem, que será mais expandida daqui a algum tempo, apenas mais um tema:
Se estiver bom tempo, recomendo um passeio por uma
levada; uma das melhores para iniciação é a que parte do Ribeiro Frio (onde há os viveiros de trutas) e acaba na Portela.O texto que se segue é do já citado site Madeira-web.
Só para os que estão em boa forma, os mais novos e os aventureiros???Ao aproximar-se da Madeira, por ar ou por mar, irá ver os terrenos acidentados e concluir que caminhar pela ilha será só para os que estão em boa forma física, os mais novos e aventureiros... Não é bem assim!! Se ainda não passeou pelas paisagens maravilhosas da ilha, então ainda não viu o melhor da Madeira. As levadas são geralmente acessíveis, fáceis de localizar e, na maioria dos locais, poderá passear sem grande esforço.
LEVADAS: Tais cursos de água não são exclusivos da Madeira: o que é único é a sua acessibilidade e extensão. Basta aventurar-se apenas um bocado para fora das estradas principais para começar a apreciar a miríade de aquedutos da Madeira - pela sua beleza e engenhosidade de concepção e pela coragem e determinação necessárias para concretizar o conceito até atingir a sua presente glória. O sistema de irrigação da ilha é actualmente composto por uns impressionantes 2150 km de canais, incluindo 40km de túneis - e o trabalho iniciou-se há séculos atrás. Os primeiros povoadores da Madeira começaram a cultivar as encostas mais baixas do sul da ilha, cortando poios (socalcos). Trabalhando com empreiteiros (que por vezes utilizavam trabalhadores escravos ou condenados) eles construíram as primeiras pequenas levadas, que transportavam água das nascentes mais acima nas encostas dos montes até às suas terras. A primeira legislação a regulamentar a utilização das levadas e os direitos de água data da segunda metade do século XV.Nos princípios do século XX, havia cerca de 200 destas levadas, serpenteando por mais de 1000km. Muitas pertenciam a particulares e a apropriação indisciplinada de água fazia com que o bem mais valioso da ilha fosse frequentemente distribuído de forma injusta. De facto, em meados da década de 1930, apenas dois terços da terra arável da ilha estavam a ser cultivados - e apenas metade desses eram irrigados.Só o Estado possuía os meios económicos necessários para implementar um programa de construção em larga escala e a autoridade para impôr um sistema mais equitativo de distribuição.Porque a verdade é que havia muita água para irrigação e torrentes que chegavam para gerar toda a energia necessária. As nuvens arrastadas para a ilha pelos ventos predominantes de nordeste são apanhadas pela cadeia montanhosa central, chegando a cair 2 metros de chuva por ano, no norte, enquanto que na costa meridional o tempo seco pode durar até seis meses.Na realidade, a ilha é um enorme reservatório auto-regulado, retendo até um máximo de 200 milhões de metros cúbicos de água. A chuva infiltra-se pelas cinzas vulcânicas e porosas, até encontrar camadas de argila basáltica e laterita - ambas bastante impermeáveis. Aqui, a água irrompe novamente em nascentes e, quando não canalizada, desce livremente, como sempre o fez durante séculos, por incontáveis ravinas até chegar ao mar. Em 1939, o governo enviou uma missão à ilha para estudar um plano global hidroeléctrico e de irrigação. As 'novas' levadas criadas a partir destes planos são captadas a uma altitude de cerca de 1000m, onde é maior a concentração de precipitação, de orvalhos e de nascentes. A água é levada primeiro para centrais eléctricas situadas imediatamente acima da terra arável (a cerca de 600m) e depois segue o seu caminho descendo para as zonas irrigadas. Aqui, a distribuição é feita pelo levadeiro, que regula a distribuição da água para cada um dos proprietários.Grande parte dos planos de desenvolvimento da missão estavam já implementados em 1970. Entre os projectos mais importantes contam-se a Levada do Norte e a Levada dos Tornos, que irá descobrir quando fizer excursões, passeios a pé ou piqueniques pela ilha. É mais fácil compreender o seu incrível comprimento, tendo em atenção o tipo de terreno, olhando para o mapa turístico desdobrável. O empreendimento demorou apenas 25 anos a completar, embora tenha sido todo feito à mão. Como terão sido escavados os túneis em basalto sólido? Como é que os trabalhadores escavaram as levadas por baixo de cascatas geladas, a meio caminho entre a terra e o céu? Frequentemente, como aconteceu durante a construção da estrada costeira entre São Vicente e Porto Moniz, eles eram suspensos do alto em cestos de vime, enquanto atacavam a pedra resistente com as suas picaretas. Muitos perderam a vida para levar água e electricidade aos ilhéus e uma alegria inesgotável para aqueles que escutam o hino das suas águas.Fotos de
Miguel Iglesias in
Tierra TrágameO texto seguinte é do site Oficial do Turismo:
Ribeiro Frio / Portela - 10 Km - 4 horasEste passeio pode ser feito sem riscos por qualquer pessoa que goste de andar a pé . São 10 quilómetros: 8 em plano, na esplanada da levada da Serra do Faial desde o Ribeiro Frio até a casa de divisão de águas; mais 2 até o miradouro da Portela.A esta altitude os nevoeiros e as chuvas são frequentes e as temperaturas, em média, 5 graus mais baixas que no Funchal. Leve calçado próprio para piso molhado e não se esqueça do impermeável.Sem pressas e saboreando a grandiosidade do relevo e as delicadas formas dos seres vivos, o passeio nesta parte da levada da Serra permite, também, constatar quão difícil foi a abertura dos canais para transporte de água desde as nascentes da vertente norte até as terras sequiosas do litoral sul.Ao longo desta levada é possível descobrir, por entre os multivariados tons de verde da floresta, delicadas flores brotando de pequenas plantas que gostam de viver em ambiente de forte humidade e fraca luminosidade.Nesta viagem pelo interior da Natureza purificadora, é possível que aviste o bisbis, o mais pequeno dos pássaros que povoam a Madeira, a saltitar de um ramo para outro à procura de larvas e insectos. O melro preto também por aqui aparece à procura de bagas e de pequenos bichos, alegrando o ambiente com o seu canto forte e melodioso. Visitas frequentes desta floresta são o tentilhão e a lavadeira, que em troca do alimento dão alegres concertos. Mais raro é o grande pombo trocaz. Com alguma sorte poderá ver a Manta, ave de rapina que vem até à floresta caçar pássaros, coelhos ou ratos, e faz os seus grandes ninhos nas copas dos loureiros.Quando não há nevoeiro é possível, nalguns cotovios da levada, observar a paisagem para além da floresta. São surpreendentes os campos do Faial, São Roque do Faial e Porto da Cruz com o casario disperso nas achadas e alinhado nas cumeeiras dos lombos. A enorme asa rochosa da Penha de Águia avançando com audácia sobre o poderoso Atlântico protege a oriente a baía do Faial, enquanto a ocidente a Ponta dos Clérigos faz o que pode para evitar o embate a noroeste. As águas do Ribeiro Frio, ribeira da Metade e ribeira Seca encontram-se à beira mar e juntas desaparecem no oceano.Do estudo das plantas e animais isolados à abordagem sistémica do ambiente, do escutar o silêncio ao inspirar ar puro, ecólogos ou simples amantes da Natureza encontram neste passeio motivos bastantes de prazer e reflexão.Características: A maior parte do passeio é feito na esplanada da levada da Serra do Faial, que está protegida por varandas e sebes naturais. A descida para a Portela é pouco acentuada e não oferece qualquer perigo. O piso está em bom estado. Apesar de haver no Ribeiro Frio a indicação de 8 quilómetros para a distância até a Portela , a verdade é que a extensão do percurso entre estes dois lugares é ligeiramente superior a 10 Km : 8 Km é apenas o troço da levada entre o Ribeiro Frio e a divisória das águas; daqui até a Portela são pouco mais de 2 quilómetros.Se exceptuarmos este lapso, o percurso está bem sinalizado: - Junto à casa da divisão das águas é clara a indicação dos caminhos para o Santo da Serra e para a Portela. - Cerca de 200 metros abaixo há o Posto Florestal dos Lamaceiros e um pouco mais adiante surgem duas novas opções: Portela ou Santo da Serra, mais propriamente para o Sítio do Lombo das Faias. - Seguindo na direcção da Portela há ainda a possibilidade de escolher entre a vereda para este miradouro e a descida para a Referta no Porto da Cruz.