Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2004
O QUE NÓS VEMOS - ALBERTO CAEIRO
O que nós vemos das cousas são as cousas. Por que veríamos nós uma cousa se houvesse outra? Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos Se ver e ouvir são ver e ouvir? O essencial é saber ver, Saber ver sem estar a pensar, Saber ver quando se vê, E nem pensar quando se vê Nem ver quando se pensa. Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!), Isso exige um estudo profundo, Uma aprendizagem de desaprender E uma seqüestração na liberdade daquele convento De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas E as flores as penitentes convictas de um só dia, Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas Nem as flores senão flores. Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.Alberto Caeiro
De
Cathy a 7 de Janeiro de 2004 às 15:06
Esse poema me fez lembrar do livro "O mundo de Sofia", com a diferença que no poema eu vejo lógica do questionamento, mas os primeiros questionamentos do livro pareciam não ter resposta, enquanto o poema questiona já respondendo.
;)
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