Banco Espírito Santo Corta Publicidade ao grupo Impresa Acho que vou passar a comprar dez exemplares do Expresso, por semana.Já é a segunda vez que me apercebo de atitudes destas do Expresso. Os meus parabéns por ainda haver quem tenha coluna vertebral! É que sei de outros jornais que não colocam determinadas notícias porque podem perder patrocínios.
Parabéns, Dr. Balsemão!(Texto completo em anexo)Banco Espírito Santo Corta Publicidade Por JOÃO MANUEL ROCHA E PAULO MIGUEL MADEIRASábado, 26 de Junho de 2004 ao grupo Impresa O Banco Espírito Santo (BES) cortou campanhas de publicidade ao conjunto de meios e títulos do grupo Impresa, que inclui o "Expresso", a revista "Visão" e a SIC. O corte de publicidade, cuja dimensão não foi possível precisar com rigor, representa um rombo de "largos milhares de euros" para o grupo. O motivo próximo para a decisão da entidade bancária foi o tratamento jornalístico dado pelo semanário ao processo de privatização da Galp, designadamente vários textos que se interrogavam sobre a qualidade da proposta do grupo norte-americano Carlyle. O que mais terá incomodado o presidente do banco, Ricardo Salgado, foi um comentário do editor de Economia, Jorge Fiel, intitulado "O amigo americano" e publicado no final de Abril. Nele, o jornalista questionava o patriotismo da participação do BES na candidatura do Carlyle à privatização da Galp, sugerindo que se estava a prestar aos interesses norte-americanos. Ricardo Salgado escreveu ao presidente da Impresa, Pinto Balsemão, queixando-se do texto e invocando um parecer jurídico em que se argumentava que expressões usadas pelo jornalista podiam ser ofensivas, deixando antever um possível recurso aos tribunais. Na resposta, também por escrito, Pinto Balsemão alegou que o texto em causa se tratava de matéria de opinião, logo vinculando apenas o seu autor. A reacção do "patrão" do grupo de "media" foi considerada por elementos do BES como agreste. E terá sido o próprio Ricardo Salgado a anunciar a Balsemão, por telefone, que ia cortar a publicidade a todo o grupo. Poucos dias depois, no final do mês de Maio, a Impresa foi informada da medida. O semanário continua a publicar na primeira página do seu caderno principal, por cima do logotipo, uma tarja do BES alusiva à selecção de futebol e, no caderno de Economia, um anúncio sobre fundos. Mas o grosso das suas campanhas desapareceu do semanário. E o jornal já terá tido indicações de que o anúncio de primeira página poderia ser retirado. Questionado pelo PÚBLICO, o director do jornal, José António Saraiva, disse, por correio electrónico, que as relações entre um anunciante do "Expresso" e o próprio jornal são "matéria confidencial". "O 'Expresso', como órgão de comunicação, tem uma relação aberta e disponível com todos os agentes da sociedade, sejam políticos, económicos, desportivos, ou outros. Manteremos esta atitude mesmo em relação àqueles que, episodicamente, possam sentir-se melindrados com matéria jornalística publicada por nós. Os anunciantes estão no seu direito de anunciar ou não no 'Expresso'. Mas isso não nos levará a modificar a relação com eles", acrescentou. As duas entidades mantinham um bom relacionamento. Há cerca de dois anos, quando o grupo de "media" passou por dificuldades financeiras, teve no BES um dos seus apoios. A instituição bancária disse ontem ao PÚBLICO, através do seu gabinete de comunicação, que "não comenta o seu investimento publicitário em cada um dos grupos de comunicação social". E acrescentou que "não se intromete na política editorial dos jornais. De nenhum jornal". Por seu lado, a Impresa destaca que "não consegue ver em que medida" esta retaliação comercial do BES afecta as suas contas. O caso que envolve o BES e o o "Expresso" não é inédito. Fonte do jornal afirmou ao PÚBLICO que, há mais de dois anos, quando diversos administradores do BCP abandonaram a entidade, o banco de Jardim Gonçalves considerou que estava a ser vítima de uma campanha e cortou igualmente a publicidade a publicações da Impresa durante alguns meses. A Carlyle foi entretanto afastada do processo de privatização da Galp. Mantêm-se na corrida o grupo Mello e a Petrocer - cujo núcleo é a Viacer, dos grupos Violas, Arsopi e BPI, que detém a cervejeira Unicer.