Sexta-feira, 29 de Outubro de 2004
AVISO À NAVEGAÇÃO - JOAQUIM NAMORADO
Alto aí! Aviso à navegação! Eu não morri: Estou aqui na ilha sem nome, sem latitude nem longitude, perdida nos mapas, perdida no mar Tenebroso! Sim, eu, o perigo para a navegação!, o dos saques e das abordagens, o capitão da fragata cem vezes torpedeada, cem vezes afundada, mas sempre ressuscitada! Eu que aportei com os porões inundados, as torres desmoronadas, os mastros e os lemes quebrados - mas aportei! E não espereis de mim a paz... Aviso à navegação Não espereis de mim a paz! Que quanto mais me afundo maior é a minha ânsia de salvar-me! Que quanto mais um golpe me decepa maior é a minha força de luar! Não espereis de mim a paz! Que na guerra só conheço dois destinos ou vencer - ai dos vencidos! - ou morrer sob os escombros da luta que alevantei! - (Foi jeito que me ficou, não me sei desinteressar do jogo que me jogar.) Não espereis de mim a paz, aviso à navegação! Não espereis de mim a paz que vos não sei perdoar! Joaquim Namorado