Uma excelente entrevista do Jorge Ferreira ao Diário de Aveiro, transcrita no
Democracia Liberal (vale a pena lerem na íntegra):
Qual é a mensagem que vai transmitir em campanha?A primeira é a de que o sistema político português está esgotado, é uma mentira e é preciso mudá-lo. A mudança passa essencialmente pelo presidencialismo, em segundo lugar pela redução para metade, da quantidade de cargos políticos - que não se justificam em função da dimensão, da situação económica e das necessidades. As pessoas ainda não se deram conta que hoje só votam para quem manda menos, não votam para quem manda mais. Votam para a Assembleia da República que, quando existem maiorias, é um órgão de soberania que praticamente se limita a discutir a agenda do Governo, por força da maioria que existe no Parlamento. Votam para o Presidente da República que, tirando casos excepcionais, como aquele que estamos a viver, não manda nada.Portugal precisa de ter quem mande porque a sensação que as pessoas têm é que apesar de sermos um país não muito grande, não com muita gente, é um país que vive em bagunça permanente. Apesar de tudo, quem manda mais é quem não vai a votos, que é o Governo. Isto não faz sentido.
Isso não é uma luta perdida?Não há lutas perdidas. O que hoje parece perdido, amanhã é ganho, aquilo que hoje parece ganho amanhã é perdido. Há para aí muitos fanfarrões a dizer que são muito bons e depois vai-se a ver e os resultados não condizem. Há para aí muitas pessoas a quem não é reconhecido o valor respectivo e depois são surpresas.
Já esteve, assim como o presidente do PND , nesse sistema...Por isso mesmo é que temos alguma autoridade para falar dele. Não é um sistema bom para o país, não funciona. As pessoas hoje percebem cada vez melhor que o sistema político português parece um baile de máscaras porque são chamadas a decidir onde menos interessa. Onde efectivamente interessa as pessoas não são tidas nem achadas. Nos últimos meses, o país teve uma maioria parlamentar que, antes das eleições, não se sabia que ia existir, um primeiro-Ministro que nunca fez uma campanha eleitoral tendo em vista o cargo que veio a ocupar, e eu pergunto: isto é democrático? Não ponho em causa a legitimidade constitucional destas soluções, mas, do ponto de vista democrático e da representação das pessoas, isto é normal?