SE A PROPOSTA É DA ESQUERDA, NÃO PRESTA....
É o mínimo que se pode dizer ao ler a notícia onde Carmona Rodrigues se opõe à proposta de Manuel Carrilho de instalação de câmaras de videovigilância em Lisboa.O tema da segurança tem sido tradicionalmente uma bandeira da direita. Como desta vez a proposta vem da esquerda, não presta... É triste continuar a assistir a este tipo de coisas (foi o outro que propôs, não presta) da parte de políticos que supostamente deveriam defender o bem comum e não os interesses particulares. (Este tipo de atitude, em blogs de gajos ressabiados ainda se admite, agora com políticos profissionais é inadmissível!)
Carrilho lançou ideia que a direita não apoia O equilíbrio entre liberdade e segurança tornou-se um tema central no mundo pós-11 de Setembro Na luta por Lisboa, Manuel Maria Carrilho lançou o debate, e o tema parece ter pegado. Todos os seus oponentes já se manifestaram quanto à existência ou não de sistemas de videovigilância para aumentar a segurança dos lisboetas. Mas as posições sobre o assunto, que tradicionalmente dividiam a esquerda e a direita - separada por uma opção mais ou menos securitária -, adquirem hoje outros contornos. Como o provam as críticas de Carmona Rodrigues, o candidato do PSD, ao que diz ser um sistema semelhante ao Big Brother orwelliano sobre os habitantes da capital.
O mundo mudou e nunca antes a dicotomia entre liberdade e segurança estivera tão presente. Os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos e um mundo global e com fronteiras diluídas tornam a equação cada vez mais presente ao comum dos cidadãos até que ponto estamos dispostos a abdicar de porções da nossa liberdade (com a invasão do que tradicionalmente seria encarado como esfera da privacidade) em benefício de se conseguir maior segurança, individual e colectiva?A prova que a solução não é fácil nem imediata encontramo-la nas variadas respostas dos candidatos à Câmara Municipal de Lisboa. Com a justificação da necessidade de maior segurança para os cidadãos de Lisboa, perante o suposto aumento dos níveis de insegurança na cidade, o socialista Manuel Maria Carrilho incluiu nas suas propostas para a capital a promessa de colocação de câmaras de videovigilância nas ruas dos bairros mais problemáticos de Lisboa. Exemplos Bairro Alto, Ameixoeira, Intendente. Disse-o logo no discurso de apresentação da sua candidatura. E por diversas vezes o repetiu entretanto.A insistência no tema levou a que o seu principal oponente na luta pela presidência da maior autarquia do País tivesse vindo a terreiro responder. "Não concordo com o Big Brother", disse Carmona Rodrigues, que não se referia ao programa de televisão da TVI. "A instalação de câmaras de vigilância é uma medida lesiva da liberdade individual dos cidadãos", afirmou o social-democrata, aproximando-se de teses que em tempos eram mais queridas dos partidos à esquerda do espectro político.Mas também Maria José Nogueira Pinto, a candidata do CDS/PP, levanta objecções à ideia, pois embora admita a videovigilância, diz que apenas deve ser adoptada em "situações de excepção". No seu programa de campanha, a questão das câmaras é referida, sim, mas para dar combate ao estacionamento ilegal na capital.À esquerda, os candidatos não alinham pelas teses de Carrilho. Rúben de Carvalho, que encabeça a lista da CDU, é claro. "Não sou indiferente às questões de segurança, mas medidas de videovigilância despertam-me todas as reservas". Para este comunista, a própria questão está deslocada, na medida em que "antes de mais, esta é uma avaliação que caberá às forças de segurança". Ou seja, não é Carrilho quem deve dizer onde se devem colocar as ditas câmaras.José Sá Fernandes, o independente que é apoiado pelo Bloco de Esquerda, admite este tipo de soluções em casos como os das estações de metropolitano, mas também é crítico da ideia, tal como foi apresentada pelo socialista. "Demasiado securitária" e "não parece uma ideia muito feliz" foram comentários do advogado sobre a proposta de Carrilho.Lá por fora, o debate sobre o assunto vai fazendo o seu caminho. Impulsionado, na maioria dos casos, por acontecimentos dramáticos, como foram os recentes atentados no metropolitano de Londres, a 7 de Julho. Dias depois das bombas explodirem no tube londrino, responsáveis políticos alemães e italianos, para citar dois casos, admitiam avançar com sistemas de videovigilância nas principais metrópoles dos seus países.