A Confraria do Vinho do Porto foi constituída em 1982 com o objectivo de difundir, promover e consolidar o renome mundial do Vinho Porto.A Confraria é constituída por pessoas que exercem a sua actividade profissional no comércio e exportação do Vinho do Porto, como comerciantes em nome individual, como administradores ou gerentes de sociedades.
Aos Confrades é-lhes atribuído grau de Mestre, caso sejam administradores ou gerentes das sociedades ou, o grau de Experto, caso sejam empregados superiores das empresas comerciais de Vinho do Porto.Os Mestres e os Expertos são os Confrades Efectivos que escolhem entre si a Chancelaria que é o orgão dirigente que administra e representa a Confraria do Vinho do Porto.A Chancelaria é composta pelo Chanceler - figura máxima de representatividade dentro da Confraria do Vinho do Porto - pelo Almoxarife, pelo Copeiro-Mor, pelo Almotacé e pelo Fiel das Usanças.Quando os Confrades se reunem, oficialmente, convocados pelo Chanceler, tem lugar um Capítulo, onde são tomadas todas as decisões relevantes para a Confraria, sendo anualmente efectuada a admissão de novos Confrades Efectivos ou Honorários.Os Confrades Honorários são distinguidos pelos graus de Cancelário, Infanção e Cavaleiro.

Os Cancelários são todos os Chefes de Estado que pela sua projecção emprestam notoriedade à Confraria e ao Vinho do Porto. Os Infanções são todas as individualidades ou instituições de relevo que de forma significativa tenham contribuído para a divulgação, prestígio e dignificação do Vinho do Porto ou que pelo seu prestígio pessoal, ou pelas elevadas funções que desempenham, mereçam ser distinguidos com este grau.Os Cavaleiros são todos os que, não estando abrangidos pelos graus anteriores, mereçam ser distinguidos pela sua dedicação e serviço ao Vinho do Porto.Completam-se em 2006 vinte e quatro anos de existência da Confraria do Vinho do Porto. Mas o projecto da sua fundação é bem mais antigo, pois tendo estado na mente dos seus fundadores durante muitos anos, só não foi concretizado mais cedo por entraves vários, alguns dos quais nos parecem, vistos da perspectiva de hoje, quase incompreensíveis. O quadro institucional do sector do Vinho do Porto, de cariz corporativo, conferia a representação de todos os interesses nele envolvidos a instituições de inscrição obrigatória, o que desmotivava a criação de associações privadas. O próprio nome projectado para a instituição - Confraria - estava reservado, segundo as leis da época para associações de carácter religioso.Mas graças às alterações políticas e à persistentededicação de algumas figuras de relevo no mundo do Vinho do Porto, foi possível constituir, por escritura de 9 de Novembro de 1982, a Confraria.Cabe aqui mencionar os membros da 1ª Chancelaria: Fernando Nicolau de Almeida e José António Rosas, Robin Reid, entusiástico impulsionador da criação da Confraria, Manuel Joaquim Poças Pintão que elaborou as Usanças e Michael Douglas Symington.Foi escolhida como figura histórica inspiradora e primeiro Patrono da instituição o Infante D. Henrique. Ao lançar-se na epopeia das Descobertas, dando assim novos mundos ao Mundo este Príncipe de Portugal traçou um caminho seguido mais tarde pelo Vinho do Porto, vinho universalista por excelência que leva, tal como as naus do Infante, a imagem de Portugal aos quatro cantos da Terra. A ascendência inglesa do Infante - filho de Filipa de Lencastre - tem um paralelo feliz no nosso Vinho cuja descoberta se deve em boa medida ao espírito empreendedor dos comerciantes britânicos. Assim, nada mais natural, que tenha sido escolhido, como elemento da indumentária dos Confrades, o chapéu de aba larga com faixa pendente usado pelo Infante nos célebres painéis de S. Vicente do pintor Nuno Gonçalves. Logo no primeiro ano da sua existência, a Confraria promoveu a primeira cerimónia solene de Entronização dos novos membros e a primeira Regata de Barcos Rabelos, realizadas no período das festas de S. João, Patrono da cidade do Porto. Estes dois acontecimentos adquiriram a partir de então um grande relevo na vida social e cultural da cidade.

A Regata, disputada inicialmente por apenas quatro barcos, contribuiu decisivamente para a preservação deste tipo tão característico de embarcação que, durante séculos assegurou o transporte do Vinho do Porto, desde o Alto Douro até ao Porto. Para além das realizações atrás referidas, a Confraria tem levado a cabo outras iniciativas entre as quais avultam:- Cerimónias de Entronização em vários países: Japão, Brasil, Estados Unidos e Canadá, durante as quais foram homenageadas personalidades e instituições de grande relevo ou de particular dedicação à causa do Vinho do Porto.- Cerimónias de Declaração do Vintage da Confraria sempre que se verifique uma declaração de uma determinada colheita, por parte da maioria das empresas do Sector. No ano de 2002, e pela primeira vez, a declaração do Vintage 2000 foi precedida de uma prova das 42 marcas declarantes que suscitou grande interesse.- Participação em vários acontecimentos envolvendo o Vinho do Porto, nomeadamente em apoio a acções promovidas pelo Instituto do Vinho do Porto. Destacamos a prova dos Vintages do Século realizada em 12 de Junho de 1999.Os Estatutos da Confraria fixam-lhe os objectivos de: "a difusão, promoção e consolidação do renome mundial do Vinho do Porto e da respectiva região de produção" .
Traje da Confraria: O traje dos Confrades é constituído por:. Chapéu preto de grandes abas, de cuja copa sai uma fita larga de cor preta que pousa sobre os ombros.Os Confrades que integram a Chancelaria usam fita creme enquanto ocupam o cargo, passando a fita bicolor - creme e preta - quando deixam de exercer funções. . Capa grenat debruada a fita preta. . Distintivo com o emblema da Confraria, colocado à altura do peito, sobre a capa do lado esquerdo. . Fita colocada ao pescoço, verde rubra da qual pende tomboladeira de formato tradicional para Vinho do Porto, do século XVII. Este trajo é usado obrigatoriamente pelos Confrades Efectivos.Os Confrades Honorários com o Grau de Cavaleiro usam fita com as cores verde rubra da qual pende uma tomboladeira.
O uso do trajo da Confraria -
texto do Sr. Manuel Pintão da firma Manoel D. Poças Júnior. No início da nossa Confraria era visível que os Confrades, em público, tinham certa dificuldade em usar o nosso trajo.Havia o receio de ficar numa situação de ridículo.No entanto nunca presenciei nem tive conhecimento de qualquer caso em que um Confrade ao usar o trajo fosse vítima de qualquer apreciação menos respeitosa, bem pelo contrário.Assim, por exemplo, quando da primeira declaração do Vintage Confraria, o de 1982, quando aguardávamos o embarque num Barco Rabelo, no cais da Ribeira, para atravessar o Rio Douro, um homem de meia idade chegou junto dum Grupo de Confrades e perguntou muito respeitosamente:Desculpem a curiosidade: Por que estão vestidos dessa maneira?.Esclarecemos e explicámos todo o trajo e significado de cada elemento. Fomos ouvidos atentamente e no final agradecidos.Houve, no entanto um episódio ligado ao nosso trajo, para mim inesquecível.No seguimento duma Regata dos Barcos Rabelos, uma das primeiras, uma pequena lancha que transportava a Chancelaria deixou-nos no Cais da Estiva, no lado do Porto. O Michael Symington e eu, com o trajo completo como é óbvio, caminhávamos pelo Muro dos Bacalhoeiros e conversávamos despreocupados.De repente descendo a escada de um dos prédios, a grande velocidade um rapaz dos seus oito a dez anos quase esbarrou connosco.Quando nos viu, arregalou os olhos, ficou espantado e imóvel e exclamou maravilhado: Ah...D'Artacão!.Por breves momentos nós tínhamos realizada o imaginário daquela criança que tinha visto o herói duma série então passando na Televisão em que animais interpretavam Os três Mosqueteiros e um cão o mais célebre deles todos, D'Artagnan que nessa série se chamava D'Artacão!Michael e eu rimos da espontaneidade da reacção desse rapaz e eu acrescentei: só por aquilo a que acabamos de assistir valeu a pena criar a nossa Confraria.Site:
Confraria do Vinho do Porto